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Pedra do Porto

História e Património do Concelho da Nazaré

Pedra do Porto

História e Património do Concelho da Nazaré

Notícia sobre um privilégio dado por El REI a um armador nos mares da Nazaré (1903)

Carlos Fidalgo, 27.11.22

 

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Advertência
O anúncio do nosso afastamento da investigação, conforme foi publicado e divulgado publicamente, nunca poderia deixar de incluir as "curiosidades" que fomos colhendo ao longo de alguns anos de investigação.
Assim sendo, remetem-se para este espaço as notícias que nos parecem de relevante interesse histórico e patrimonial no que concerne ao Concelho da Nazaré que, diga-se em abono da verdade, herdou uma história que não lhe pertence toponimicamente.
Pertence, e deverá pertencer, ao extinto Topónimo/Concelho da Pederneira, a quem devemos a antiguidade da nossa existência documental e bibliográfica, já para não falar da parte da arqueologia.
Pensar ou promover mais do que isso é pensar - façamos as contas - que o actual concelho (toponimicamnete falando) fará este ano 110 anos de existência, enquanto que o topónimo "Pederneira" já vem mencionado na doação de D. Afonso Henriques a Bernardo de Claraval em 1153, ainda que essa data seja discutível. Como já notámos em trabalhos da nossa lavra, a Pederneira contém uma história antiga, parcialmente conhecida,  mas, na nossa humilde opinião, terá ainda muito por dar a conhecer.  

Posto isto, já aqui escrevemos um breve artigo sobre a Pedra do Guilhim e nessa altura, ainda que o assunto não se encontre encerrado, abordámos várias opiniões sobre a origem do nome “Guilhim” e a sua atribuição à Pedra do “Guilhim", 

https://pedradoporto.blogs.sapo.pt/sobre-a-pedra-do-guilhim-31531

Desta feita, temos uma concessão de pesca num local conhecido por todos nós e cuja dimensão, de acordo com as coordenadas e "enfiamentos", parece-nos de grande escala.

Deixemos isso para quem entende da temática, nomeadamente da Geografia Física e dos Sistemas de Informação Geográfica.

Por agora fica a notícia:

Sua Majestade El Rei, a quem foi presente a petição de Candido Rodrigues para a concessão de um local denominado Guilhim, no districto marítimo da capitania do porto da Nazareth, para exploração da pesca da sardinha por meio de uma armação á valenciana simples, tendo em vista o regulamento geral da pesca da sardinha nas costas de Portugal, aprovado por decreto de 14 de maio de 1903, e mais legislação em vigor: ha por bem conceder ao referido candido Rodrigues o local pedido, determinado pelas distancias angulares seguintes:

Facho (pyramide) e pyramide da Serra da Pescaria – 28o.

Pyramide da Serra da Pescaria e Torre NNE. Da igreja da Nazareth – 46o - 05’.

Torre NNE. Da igreja da Nazareth e ermida da Senhora da Victoria – 89o-28’.

E pelos enfiamentos:

Esquina SW. da fábrica próxima á Foz pela casa de Joaquim Marrafa, na profundidade de 30 metros em baixa mar de aguas vivas, como consta do respectivo termo de vistoria, satisfeiros que sejam todos os preceitos legaes.

Paço, em 10 de outubro de 1903. = Manoel Raphael Gorjão.[1]



Fonte:

[1] Diário do Governo, N.º 234, 19 de Outubro, 1905, p. 3354

Sobre a Comissão Municipal de Turismo (1955)

Carlos Fidalgo, 24.05.22

 

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Fala o Presidente da Comissão Municipal de Turismo[1]

Oito anos na Presidência da Comissão de Turismo da Praia da Nazaré, departamento de divulgação e informação, estão bem patentes no zelo e competência do seu Presidente sr. Guilherme Ramos. A ele se deve já, sem dúvida uma grande obra em prol do Turismo desta praia encantada.

Para que melhor formássemos uma ideia quanto ao desenvolvimento turístico, não resistimos à tentação de procurar o sr. Guilherme Ramos, que logo se prontificou a prestar-nos todos os esclarecimentos.

Depois de ter focado a parte financeira, que é insuficiente para obras de maior vulto, dado o pouco rendimento que a Comissão usufrui visto que a pouca verba que por vezes possuem é absorvida com elevadas e inúmeras despesas.

Disse depois do seu regozijo pelo franco progresso do Turismo na Nazaré, que é hoje visitada por imensos estrangeiros, sobre tudo franceses na sua maioria que escrevem directamente a pedir todos os informes necessários às suas estadias.

- Sr. Presidente, qual a maior realização no abalizado ver de V. Ex.ª, neste momento de franco progresso que julga de maior utilidade para o Turismo da Nazaré?

- A meu ver, é de absoluta carência, a construção de um bom Casino, de um Hotel razoável e o alargamento das principais artérias.

- Tem tido, V. Ex.ª por certo, e como é de calcular, o maior apoio por parte do Estado, inclusive financeiro?

- Sim, o Estado tem colaborado em diversas obras, muito embora em pouca quantidade.

- Quanto à Nazaré …

- Temos todas as possibilidades turísticas, é realmente um ponto desejável de ser visitado. Tudo em nós tem deixado a melhor impressão, tanto pelo típico como pela sua gente.

- Neste período mais próximo de engrandecimento turístico Nazareno, que obras foram levadas a efeito Sr. Presidente?

- Há dois anos (1953) abriu-se um Parque de Campismo, instalado no Parque da Penalva [Pedralva], e que embora modesto, tem sido bastante frequentado por estrangeiros.

- Quanto às actuais instalações da Comissão de Turismo, acha que elas dão cabimento ao serviço?

- Temo-nos remediado com as actuais, no entanto carecíamos de um edifício próprio para a Comissão de Turismo, mas isso era um assunto dispendioso em extremo. E assim, contentamo-nos com o presente.

- As impressões dos turistas são…?

- Sim, creio que partem todos bem impressionados, basta as referências que têm feito.

- O Turismo tem feito bastante propaganda, não é assim?

- Bastante mesmo, inclusivé em revistas estrangeiras.

Crentes de que levamos aos nossos leitores embora superficialmente actividade da Comissão de Turismo da Nazaré, despedimo-nos do Sr. Guilherme Ramos, mas depois de termos pedido a opinião sobre o nosso jornal:

- O vosso jornal «A Província» é para mim um órgão de imprensa de valor, tanto pelo seu conteúdo, como o aspecto gráfico que me deixa a melhor impressão.

Estas foram as palavras que registámos com amizade, do digníssimo Presidente da Comissão de Turismo da Nazaré, a quem desejámos retumbantes êxitos em prosseguimento do já feito e em obras vindouras.

*

[1] Publicado em “A Província”, Ano I, N.22, 4 de Agosto de 1955.